sexta-feira, 21 de março de 2014

Captura







É chama 

Causa e efeito da noite que adormece
É prece quando no silêncio se cala 
É droga que encanta quando alopra 
É arma quando fere e inflama 
É dança quando a música do universo sopra 

A cor exata tem seus olhos
Que sempre miram linhas distantes
E passam de viés pelas flores 
E se livram dos versos de antes
Que, as vezes, não contemplam cores 
São pedras que se escondem no tempo 

Tem o dom de se achar por baixo 
Mesmo quando coloca tudo para cima
É som no máximo tirado da posição mínima
Encaixe onde me encaixo 
Palavra que alucina 
Luz que precipita

Anjo torto, caído
Que brilha na Insônia escura e úmida
É sexo que lateja e murmura 
É sensação presente sem nunca ter sido
É vento, livre, lamento 
É o melhor de se viver sem nunca ter vivido


Marcelo Moro Cotidiano 242 ) 

Aparência é algo supérfluo !



Hoje após chegar de uma consulta, horrível, onde tive que esperar por 3h40mins para ser super mal atendida por um medico que se quer olhou pra mim ( Situação decadência dos hospitais públicos) e quando em fim cheguei em casa, pensei ''vou pesquisar um pouco sobre a guerra e a situação na Crimeia'', mas eis que chega um primo meu e começa a falar sobre academia, a me perguntar se ele ''cresceu'' desde de que começou a fazer, e por ultimo me pede pra medir o tamanho do braço dele, que é pra ele poder falar pra ''namorada'' dele e é claro que eu disse NÃO, na hora ele fechou a cara e começou a gritar que ninguém fazia nada pra ele nessa casa ( Ele tem 20 anos, mora com os avós, não paga conta nenhuma, não trabalha, tem comida, roupa lavada e é bancado pela mãe e pelos avós que se matam de trabalhar para sustenta-lo ), disse que eu não ligava pra nada, que eu não ajudava ele e bláblábláblá. Realmente não tem cabimento nenhum o que ele faz, ele vive em prol da academia, só pensa nisso e na aparência, em usar roupas de marca com o cartão da avó e etc. Mais uma coisa eu lhes pergunto,  do que adianta ser bonito, bem vestido, se matar na academia e esquecer de ter uma personalidade própria ?  De ter um minimo possível de conhecimento ? É legal, só saber falar sobre academia, aparência, roupas e sapatos de marca ?
Bom, ele se prende a superficialidade do mundo de aparência, conhece pessoas vazias de conhecimento e visão de mundo, que só fazem exaltar o próprio ego.
Pessoas assim não tem nada para oferecer ao mundo nem para a sociedade como um todo, são extremamente superficiais, cabeças-ocas e entediantes, ao invés de exercitarem a mente, só pensam em musculação e outras coisas fúteis.
O mundo está ficando louco, as pessoas estão se matando intelectual e fisicamente em uma busca insaciável por uma coisa que não é a sua realidade, pelo tal abdome tanquinho, perdendo o figado por causa de anabolizantes, malhando 4hrs por dia, 7 dias por semana, em busca da aparência ''perfeita''. Que droga é essa ? Porque tanto exagero assim ? Eles não estão ganhando NADA com isso, muito pelo contrário, estão perdendo o senso critico e o pouco de conhecimento que possuem, estão se massificando, se tornando bonitas por fora, e completamente ocas por dentro !
O ideal de beleza é algo supérfluo e na minha opinião, mas vale adquirir qualquer forma de conhecimento, do que ter ideais tão fúteis assim !  

quinta-feira, 20 de março de 2014

Nosso tempo

Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

II
Esse é tempo de divisas,
tempo de gente cortada.
De mãos viajando sem braços,
obscenos gestos avulsos.

Mudou-se a rua da infância.
E o vestido vermelho
vermelho
cobre a nudez do amor,
ao relento, no vale.

Símbolos obscuros se multiplicam.
Guerra, verdade, flores?
Dos laboratórios platônicos mobilizados
vem um sopro que cresta as faces
e dissipa, na praia, as palavras.

A escuridão estende-se mas não elimina
o sucedâneo da estrela nas mãos.
Certas partes de nós como brilham! São unhas,
anéis, pérolas, cigarros, lanternas,
são partes mais íntimas,
e pulsação, o ofego,
e o ar da noite é o estritamente necessário
para continuar, e continuamos.

III
E continuamos. É tempo de muletas.
Tempo de mortos faladores
e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,
mas ainda é tempo de viver e contar.
Certas histórias não se perderam.
Conheço bem esta casa,
pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,
a sala grande conduz a quartos terríveis,
como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,
conduz à copa de frutas ácidas,
ao claro jardim central, à água
que goteja e segreda
o incesto, a bênção, a partida,
conduz às celas fechadas, que contêm:
papéis?
crimes?
moedas?

Ó conta, velha preta, ó jornalista, poeta, pequeno historiados urbano,
ó surdo-mudo, depositário de meus desfalecimentos, abre-te e conta,
moça presa na memória, velho aleijado, baratas dos arquivos, portas rangentes, solidão e asco,
pessoas e coisas enigmáticas, contai;
capa de poeira dos pianos desmantelados, contai;
velhos selos do imperador, aparelhos de porcelana partidos, contai;
ossos na rua, fragmentos de jornal, colchetes no chão da
costureira, luto no braço, pombas, cães errantes, animais caçados, contai.
Tudo tão difícil depois que vos calastes...
E muitos de vós nunca se abriram.

IV
É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e murmúrio,
palavra indireta, aviso
na esquina. Tempo de cinco sentidos
num só. O espião janta conosco.

É tempo de cortinas pardas,
de céu neutro, política
na maçã, no santo, no gozo,
amor e desamor, cólera
branda, gim com água tônica,
olhos pintados,
dentes de vidro,
grotesca língua torcida.
A isso chamamos: balanço.

No beco,
apenas um muro,
sobre ele a polícia.
No céu da propaganda
aves anunciam
a glória.
No quarto,
irrisão e três colarinhos sujos.

V
Escuta a hora formidável do almoço
na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.
As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.
Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!
Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa,
olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.
Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,
mais tarde será o de amor.

Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.
O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.
Multidões que o cruzam não vêem. É sem cor e sem cheiro.
Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,
vem na areia, no telefone, na batalha de aviões,
toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.

Escuta a hora espandongada da volta.
Homem depois de homem, mulher, criança, homem,
roupa, cigarro, chapéu, roupa, roupa, roupa,
homem, homem, mulher, homem, mulher, roupa, homem,
imaginam esperar qualquer coisa,
e se quedam mudos, escoam-se passo a passo, sentam-se,
últimos servos do negócio, imaginam voltar para casa,
já noite, entre muros apagados, numa suposta cidade, imaginam.
Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras, apelo ao cassino, passeio na praia,
o corpo ao lado do corpo, afinal distendido,
com as calças despido o incômodo pensamento de escravo,
escuta o corpo ranger, enlaçar, refluir,
errar em objetos remotos e, sob eles soterrados sem dor,
confiar-se ao que bem me importa
do sono.

Escuta o horrível emprego do dia
em todos os países de fala humana,
a falsificação das palavras pingando nos jornais,
o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores,
os bancos triturando suavemente o pescoço do açúcar,
a constelação das formigas e usurários,
a má poesia, o mau romance,
os frágeis que se entregam à proteção do basilisco,
o homem feio, de mortal feiúra,
passeando de bote
num sinistro crepúsculo de sábado.

VI
Nos porões da família
orquídeas e opções
de compra e desquite.
A gravidez elétrica
já não traz delíquios.
Crianças alérgicas
trocam-se; reformam-se.
Há uma implacável
guerra às baratas.
Contam-se histórias
por correspondência.
A mesa reúne
um copo, uma faca,
e a cama devora
tua solidão.
Salva-se a honra
e a herança do gado.

VII
Ou não se salva, e é o mesmo. Há soluções, há bálsamos
para cada hora e dor. Há fortes bálsamos,
dores de classe, de sangrenta fúria
e plácido rosto. E há mínimos
bálsamos, recalcadas dores ignóbeis,
lesões que nenhum governo autoriza,
não obstante doem,
melancolias insubornáveis,
ira, reprovação, desgosto
desse chapéu velho, da rua lodosa, do Estado.
Há o pranto no teatro,
no palco ? no público ? nas poltronas ?
há sobretudo o pranto no teatro,
já tarde, já confuso,
ele embacia as luzes, se engolfa no linóleo,
vai minar nos armazéns, nos becos coloniais onde passeiam ratos noturnos,
vai molhar, na roça madura, o milho ondulante,
e secar ao sol, em poça amarga.
E dentro do pranto minha face trocista,
meu olho que ri e despreza,
minha repugnância total por vosso lirismo deteriorado,
que polui a essência mesma dos diamantes.

VIII
O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
prometa ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta
um verme.  

Carlos Drummond de Andrade

Curtam essa animação bacanuda !

A animação é do diretor Jaime Maestro e alem de super bonitinha e muito bem animada .

Curtam, O vendedor de fumaça      



  

terça-feira, 18 de março de 2014

Universo Racionalista



O pensamento...
E a ausência do pensamento.
Universo vazio e cheio,
do normal ou incomum.

Universo, do caos controlado
do tempo infinito, uniformado.

Universo da intelecção,
compreensão do tão transtornado,
universo do razão,
olhar ao futuro, apaixonado.

Universo... 

Oras...
E num mundo paralelo à realidade, os amantes se unem à felicidade. Absorvem um do outro a energia do bem que se fazem. E riem. E riem do riso...

Andy B. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

O inevitável


Mudar ? Porque ? Para que ? Simplesmente as vezes somos forçados a mudar, a cada escola que fazemos, os caminhos que escolhemos, tudo nos inspira a um novo rumo, a mudarmos o caminho que seguíamos e a buscarmos uma outra forma de vermos as coisa, embora nem sempre essas mudanças sejam benéficas ou para nos tornarmos pessoas melhores. Nem sempre é necessário, mas é inevitável, devido aos acontecimentos do nosso cotidiano, das variantes de uma unica escolha, dos erros e dos fatos premeditados, pessoas que você antes você achava serem seus amigos, que hoje te mostram que eram apenas versões passageiras de pessoas multifacetadas, coisas que você julgava certas, hoje já não lhe fazem sentido. Você muda, após erros e acertos, após varias tentativas de se obter exito, muda adquirindo experiências e conceitos e conforme isso vai acontecendo, muitos dos que te cercam, não te acompanharam, pois se cerceiam ao estado de comodismo, com seus pensamentos e atitudes retrogradas. Mais realmente, vale muito a pena ! Viva, erre várias e várias vezes, mais tire proveito !

terça-feira, 11 de março de 2014

Bloqueio sentimental



Em uma conversa ontem, uma coisa que eu disse me chamou a atenção, falávamos sobre a minha dificuldade de dizer ''eu te amo'', ''eu preciso de você '' ou qualquer outra forma de afeto, frente a frente com a devida pessoa, foi quando me dei conta que o que me impede de demonstrar meus sentimentos é o meu medo da rejeição e da indiferença. Mesmo sabendo que quem ama deve se entregar, mesmo correndo o risco de ser rejeitado, pois quem não se entrega, não se arisca, só produz relações superficiais. Me disseram que isso era uma forma de bloqueio, e pensando melhor, é exatamente isso ! Eu prefiro não demonstrar, evito expor o meu interior, faço isso como uma forma de defesa, de auto preservação. Nem sempre eu fui assim, eu aprendi a ser, após varias frustrações afetivas, e desde então isso vem me ajudando a não me decepcionar, mas está na hora de mudar isso, chega dessa superficialidade de sentimentos !

segunda-feira, 10 de março de 2014

Organização e tempo

Oi
Sei que faz tempo que não escrevo aqui, muito tempo. Peço desculpas, caso exista alguém lendo isso.
Entre tantas coisas novas acontecendo na minha vida, senti falta do meu antigo refúgio.
Ontem fui á uma reunião e ouvi a seguinte frase: '' Com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo bem feito.'' ( Pitágoras ) Muito esclarecedora do meu ponto de vista. Tudo que nos falta é organização e foco. 
Meu namorado mesmo, se propõe a participar de milhares de coisas, buscando conciliar o trabalha, com os estudos e a vida corrida de militante, mas veja só, nem sempre ele consegue dar o melhor de si no desempenho de suas funções e chega em casa sempre esgotado devido a correria e as preocupações que isso implica. Do meu ponto de vista, todos deveríamos analisar cada ponto de nossas vidas e tentar dar prioridade as tarefas mais importantes, ''temos todo o tempo do mundo'' e estamos recém aprendendo a ser gente grande. Minha reflexão é que devemos nos planejar melhor, com antecedência e organização em tudo, devemos tentar viver e sermos felizes fazendo cada coisa em sua vez, e claro, fazendo-as bem feitas.


Uma musica para este dia :